quarta-feira, 26 de agosto de 2009

TENHO 99 E NÃO ME IMPORTO DE INTEIRAR CEM.


Em 1948 mais ou menos, num domingo cedo, chegou a nossa fazenda um homem bem aparecido, boa altura, corpo esbelto, chapéu de lebre na cabeça, camisa listrada e calça de brim caqui, procurando por meu pai, querendo emprego. Como meu pai não se encontrava, ele logo procurou se entrosar com os peões que estavam no terreiro da fazenda, esperando o almoço e preparando-se para montar um potro novo, que deveria ser amansado para cela. Muito falante o visitante foi logo se gabando de ser um peão de fato, fazia de tudo, amansava animais, carreiro dos bons, leiteiro de primeira, e, sobretudo, homem destemido, pois como era um homem do mundo, já enfrentado muitas paradas na vida, e que tinha muitas coisas para pagar no inferno quando morrer, pois sua vida era de perigo constante, pois nunca foi homem de levar ofensa pra casa, resolvia tudo na hora, e modéstia parte sempre ele era o vencedor, por isso já carregava o nome de Perigoso. Os peões logo notaram que ele não conhecia bem a região, pois se conhecesse, não estaria contando aquele papo todo, pois logo iria se estrepar. Acharam que era mais um papudo dos muitos que já haviam passado pela nossa fazenda, e não se deram bem. O almoço ficou pronto, e logo que convidado, Perigoso. não se fez de rogado foi logo entrando pra cozinha e enchendo um prato de fazer inveja, pois o cozinheiro sô. Batista havia feito um cozido com muitos legumes e torresmos e verduras que era muito gostoso, e como foi feito pra muitas pessoas o visitante, que aparentava muita fome, comeu igual a um padre como se dizia antigamente, e ainda tomou umas três pingas, para abrir o apetite. Apos almoçar procurou o primeiro banco que achou e deitou e logo começou a roncar e dormiu por quase uma hora, quando foi acordado por um dos peões,o chamando para montar o potro, já que se dizia eximiu peão. Não deu outra, montou e caiu no primeiro tombo, e foi logo se desculpando, que havia comido muito e estava com medo de insistir, pois estava com o estomago muito cheio. Ficou por isso mesmo, e logo o Sr. Olendino montou o cavalo e começou a amansação do mesmo, que nem deu muito trabalho na primeira vez. Meu saudoso Pai chegou e aceitou dar emprego para o Perigoso, pois pelo menos aparentava ter muita saúde e disposição, principalmente para comer. Más o Perigoso, não sabia era nada de fazenda, pois tudo que era incumbido de fazer se saia muito mal e atrapalhado, só era bom mesmo era no garfo, ali era imbatível. Os peões começaram a fazer chacota dele, e ele muito conversado e desinibido,retrucava,dizendo que eles fossem com calma com ele, pois quem tinha 99 não se importava hora nenhuma de inteirar cem. Aquele tipo de conversa dita pelo moço se espalhou e todos ficaram meio desconfiados do novo peão, pois interpretavam como uma ameaça. Pois entendiam que quem tinha noventa e nove mortes, não se importava de matar mais um, e inteirar cem. A fama do rapaz logo se espalhou,e ele muito sabido,começou a tirar proveito daquilo,e onde tinha uma festa,ele logo aparecia, e sem a menor cerimônia,comia e dançava com as moças e mulheres mais bonitas da festa,sempre dizendo,que não tinha medo de ninguém,pois quem tinha 99 não se importava de inteirar cem.Sua fama não durou muito,pois a mentira tem pernas curtas .Havia um peão na fazenda de nome Edson,muito querido de todos,muito reservado, que não tinha medo nem receio de nada,era um terror se ficasse irado,más ,não mexia com ninguém,e respeitava a todos.Num final de semana, houve um pagode na fazenda de um vizinho nosso de nome Belonato,que tinha umas filhas bonitas,e uma delas era namorada do Edson.Não demorou muito o Perigoso que estava sempre presente,tomar umas cachaças e começar a querer aparecer,apesar de avisado para não mexer na caixa de marimbondos que era pedir pra dançar com a namorada do Edson.Ele que já estava meio tonto,nem se preocupou com os avisos,na primeira oportunidade,se aproximou da moça e pediu para dançar com ela,foi a gota d’água,Edson que estava chegando, foi logo dizendo que sua namorada só poderia dançar com ele,e que era pro Perigoso desculpar,más não ia permitir aquela dança.O dia do perigoso era aquele,não se conteve com e pedido de desculpa,e puxando a moça pelo braço foi logo dizendo,venha meu bem,comigo você não corre risco,pois já tenho 99 e hoje acho que vou inteirar as cem,não teve tempo nem de terminar o papo,tomou um soco no rosto e uns 30 chutes e foi arrastado pela camisa ate o parapeito da fazenda e arremessado ao chão, a uns dois metros de altura,e tão logo caiu,saiu correndo todo sujo e arranhado, falando bem alto,agora inteirou as cem coças (surras), fiquem com Deus, que vou baixar noutro centro.Nunca mais tivemos notícias do “Perigoso.”que já deve a esta altura ,se continuado papudo como era ter inteirado é mais de 200, (surras) não acham?.....

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

FAZENDA ASSOMBRADA

Em alegria tinha uma fazenda que foi do Sr João Paulino por muitos anos, tendo ele criado toda sua grande família naquele lugar. Más a fazenda estava à venda pelos herdeiros, depois da morte do velho, más não encontrava compradores na região, porque tinha a fama de ser mal assombrada, devido as almas das pessoas que foram assassinadas lá,segundo a lenda, pelo Sr João Paulino,e os corpos escondidos enterrados na propriedade, e que permaneceram por lá há muitos anos,infernizando quem pernoitasse na casa da fazenda.Como a propriedade era boa e bem situada,apareceu um comprador de caratinga Sr Guilherme Simini,que mesmo sabendo dos boatos,disse não se impressionar com assombrações, pois sabia perfeitamente que elas não existiam,e era pura crença de algumas pessoas.Pois não demorou nem um mês, após tentar dormir na casa da propriedade algumas vezes,o Sr Simini mudou o modo de pensar e estava apavorado com as coisas que aconteciam a noite naquela fazenda.Como era meu amigo,me telefonou oferecendo a dita propriedade por um preço bem abaixo do que ele havia pago,e com um prazo de pagamento bem espaçado. Aceitei a oferta, e comprei a fazenda assombrada. Na primeira semana, mandei o meu sobrinho Joãozinho mudar pra tal fazenda, más no outro dia, ele já estava de volta dizendo que não dava para morar lá, porque a noite tinha uma bagunça danada na casa, e a gente não via nada, más o barulho era infernal, que ninguém conseguia dormir. Não acreditando muito na estória, mandei um colono nosso de nome Manoel Beraldo, que se dizia macumbeiro, e que iria lá resolver o problema rapidinho. Que nada, o moço voltou apavorado, dizendo que apesar da casa não possui luz elétrica, ficava as claras na metade da casa e o resto escuro, e o som de panelas e casca de bananas, sendo jogadas nas paredes era terrível. Fiquei meio cabreiro, e resolvi ir pessoalmente junto com outro sobrinho meu o Edson, verificar em loco o problema. Vocês podem não acreditar, mas quando adentrei a casa com uma lanterna bem grande acesa, pois era noite, ouvi uma voz muito tremula em um quartinho na entrada da casa, que me disse: Volte só, que eu preciso de sua ajuda, para me libertar daqui, más, pelo amor de deus, venha sozinho e urgente. Meu cabelo ficou igual a Bombril, e eu fiquei até com as pernas bambas.Não falei nada com o Edson e fomos pra sua casa que era pertinho da propriedade, comentando que não havia nada mesmo ali,era puro medo das pessoas que passaram por lá.No outro dia,sai cedo e impressionado com que havia ouvido,fiquei pensando como eu iria resolver o problema,pois tinha certeza que ouvira a voz do Sr. João Paulino,pois eu o conheci em vida,e toda sua família também.Volte pra casa cansado,e resolvi que no outro sábado eu iria sozinho enfrentar a situação, e que situação.Na noite de sexta feira 13,cheguei só e Deus na fazenda, e fui logo entrando,e deparei com uma coisa dormindo no chão do quarto onde tinha ouvido a voz pedindo socorro.Cheguei perto e vi, uma coisa esquisita,dormindo no chão de boca aberta, eu olhei pra dentro dele, era ôco, tinha uma perna que era de osso,mas de vaca e tinha ate uma bota, a outra era de angico, tinha até um nó.Sua boca era desdentada, amarrada com arame farpado,fechada por um cadeado,acordou me olhando, com os olhos vermelhos arregalados, com um facão torto e enferrujado na mão, levantou se e sumiu na escuridão.Perdi o jogo das pernas e fique imóvel, e se o relógio não despertasse, eu teria morrido ou perdido a hora do serviço.Dei graças a deus por ter acordado e saído daquele pesadelo.Más, acreditem ou não, resolvi o problema do espírito do Sr João Paulino,em varias reuniões espíritas que fizemos em minha casa, e no fim ele foi encaminhado para um hospital espiritual nas alturas, e sumiu de vez lá da propriedade,que posteriormente eu vendi,com um lucro até bom.

BAIXA O BAMBU, NEGRADA

Num domingo ensolarado, fomos todos para o campinho de futebol que existia na fazenda. Era dia de jogo entre o nosso time, contra um time que viria lá de Santa Filomena. O estranho foi que muito dos jogadores de ambos os lados, de estavam jogando com roupa comum e de chuteiras, más, a maioria portando armas de fogo na cintura. Achei aquilo muito esquisito, más conversando com os presentes, fiquei sabendo que era assim mesmo, pois se tivesse alguma divergência, todos estando armados era mais fácil de ser contornada. E o jogo começou, e era butinada pra todo lado, más briga mesmo não estava acontecendo, o jogo estava indo bem. Engraçado mesmo era meu cunhado Antonio Basílio pegando no gol de nosso time com botas sete léguas ao invés de chuteiras. Nosso time atacava sempre, más nada de fazer gol, e o de santa Filomena atacava muito menos, más toda bola chutada ao gol era fatal, passava, e por isto o time deles já estava ganhando por 4 a 0 no placar. “Somiro Dutra, que era nosso vizinho e amigo, depois de ter tomado umas pingas, começou a gritar alto e sem parar, gente BAIXA O BAMBÚ, senão nós” tamo” perdido,vai ser uma carroçada danada hoje.Outro cunhado meu José Fernandes o chamou e disse-lhe,compadre Somiro pare com isso,pois esses rapazes estão todos armados, com o sangue quente pela disputa, e você ainda quer botar fogo mandando BAIXAR O BAMBU, isso é muito perigoso, e o Somiro, naquela sua calma e simplicidade de sempre falou: Não é nada do que você esta pensando,compadre, eu estou dizendo e pra abaixar o pau do gol,que foi feito por mim e eu fiz de bambu, e abaixando o bambu do gol vai, ficar mais difícil d’eles fazerem mais gol no nosso time.TA explicado,eu estava entendendo outra coisa,falou o Zé Fernandes.O jogo terminou bem,sem brigas, e no final todos comemoraram e se despediram e a vida continuou como sempre lá na roça.