segunda-feira, 25 de maio de 2009

EU, É QUE ESTAVA CERTO


 

 Em 1968  eu trabalhava em um banco  como gerente. Fui transferido de minha terra natal,para uma cidade maior ,e que possuía varias agencias bancarias, e a concorrência era muito grande.Como o banco me exigia aumentar o movimento da agencia,sob pena de perder a oportunidade se houvesse pouco progresso nos negócios do banco naquela cidade,passei a fazer um trabalho com todos os clientes e futuros clientes com potencial,para garantir meu cargo e emprego. Conheci uma pessoa influente na cidade,que possuía muitos amigos e tinha muita penetração em quase todos os setores comerciais,industriais,rurais,enfim era o BOM da cidade.Nossa parceria deu muito certo,tanto que o banco passou a me repassar quase toda verba de credito rural da região,pois a agencia apresentou um crescimento de 200% nos negócios em 6 meses apenas.O crédito rural era um empréstimo muito disputado naquele tempo ,pois possuía juros muito baixos,prazos dilatados (até 5 anos)e a fiscalização do banco central,que na época era chamado de SUMOC, era feita pelo próprio gerente da agencia.Meu amigo sabendo que eu tinha essa verba,me disse que alguns empresários da cidade estavam muito interessados em construir uma "FAZENDINHA"na periferia ,pois não existia  na cidade motéis ou alguma casa de tolerância onde eles pudessem fazer suas farras.E me disse que se eu emprestasse no credito rural com um prazo longo, o valor necessário para a construção da mencionada FAZENDINHA, eles ficariam muito agradecidos,e responsáveis pelo financiamento avalizando a cédula de credito rural.O emitente seria um pequeno proprietário que inclusive iria gerir o negócio,e arranjar tudo para o bom funcionamento da  casa .Topei fazer a operação ,os depósitos aumentaram muito,e a casa foi construída rapidamente e as meninas  encomendadas para a inauguração, que seria numa sexta feira.Más,o crescimento da agência,despertou o ciúme de meus colegas de outros bancos da praça,que procuraram o meu amigo para saber o que eu estava fazendo para arranjar tanto deposito para a pequena agencia,e ele,sem maldade,contou o que estava acontecendo,e possivelmente um dos meus concorrentes ligou pra SUMOC, e  certamente,fez uma denuncia,pois no dia da inauguração as 8 horas da manhã,quando eu chegava a agência para trabalhar,encontrei um senhor todo metido num terno preto,óculos escuros me esperando na porta da agencia,dizendo que fora enviado pela  SUMOC,para fiscalizar os meus empréstimos.Após algumas conversas, entramos na agência e coloquei todas as operações rurais efetuadas para sua fiscalização,quando para meu espanto,ele foi diretamente na operação da FAZENDINHA,e depois de alguns minutos examinando o empréstimo,me convidou para ir com Ele até o imóvel do  financiamento,para que ele fizesse o laudo solicitado por seus superiores. Eu não tive outra saída,me coloquei pronto e o convidei para irmos no meu carro.Quando começamos a sair na estrada rumo a tal fazendinha, eu nem sabia onde era o endereço correto, SR,Izaltino,esse era o nome da fera,começou a me falar com muita educação,que eu era muito corajoso em topar ir com ele ver o imóvel,pois como um sitio de apenas dois alqueires de terras,poderia suportar 50 GARROTAS de 2 anos cada,e como foi que eu deferi aquele empréstimo sem nenhuma base legal dentro do credito rural.Tentando uma saída ,argumentei que fiz o financiamento baseado nos avalistas,que eram pessoas poderosas na cidade,e que a operação era garantida e não traria nenhum prejuízo ao  Banco.Não colou,e o velho mostrando-se nervoso, pediu-me para continuar em direção ao terreno,pois queria ver as mencionadas GARROTAS,que só caberiam no terreno se estivessem confinadas.Foi um desastre,pois quando chegamos,a mulherada que havia chegado um dia antes,e feito uma festa particular de confraternização entre elas e alguns clientes,todos estavam ainda meio bêbados, som ligado muito alto, algumas de roupas intimas,algumas dentro da piscina,outras deitadas tomando sol e uns clientes bebendo ainda a aquelas horas.O Inspetor quase deu um treco ou pelo menos fingiu,pois ficou muito" brabo"me dizendo  que não acreditava no que estava vendo,que certamente eu iria perder meu cargo no banco,pois aquilo era coisa muito grave e ele tinha que relatar para em sua ata de fiscalização.Fiquei calado pois não tinha mais argumento pra falar com o sr.IZALTINO.De repente ele com a cédula rural na mão me chamou para debaixo de uma mangueira num canto, e me disse sorrindo,SR.GETULIO,me desculpe, o senhor esta com toda a razão, fez a operação corretamente, eu é que estou errado, pois o senhor financiou foi realmente 50 GARÔTAS, e não 50 GARROTAS como eu estava supondo,e me mostrando e cédula rural,vi,que por um erro do funcionário do banco que datilografou o contrato, estava escrito 50 garotas e não 50 GARROTAS como seria o correto.Comecei a rir e ele também, me abraçou e mandou que eu o levasse lá dentro da boate, pois ele iria conhecer o lugar naquela noite pernoitar lá, e depois conversaríamos.Sem entender nada,voltei imediatamente para a cidade para trabalhar,deixando o HOMÃO lá na BOATE. Informei aos meus amigos o acontecido, que foram prevenidos para a inauguração da noite já sabendo do acontecido.  Segunda feira o sr.inspetor chegou alegre,muito amigável, junto com alguns do meus clientes inclusive o prefeito da cidade que era uma “mala”,dizendo que estava tudo em cima.e que eu não sofreria nenhuma sanção por parte dele,e que inclusive iria me mostrar o movimento dos outros bancos da cidade,o que fez realmente.Ficamos grandes amigos e quando fui transferido para juiz de fora,onde ele residia, foi me visitar,me ajudou muito na captação de novos clientes naquela cidade.Sr Izaltino já faleceu, más eu continuo amigo da família dele e de seus filhos.



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